Poemas

Devolva-me o silêncio

Francivan Amorim Oliveira

Atrevidamente,
me convida.
Todavia, dia sim e dia não,
tua atrevida mente
me revida.
Você não se compadece
do meu pavor de conclusão.
Ou será pavor de reclusão da vida?

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Liberdade

Irisvânia de Oliveira Lima

Liberdade,  

doce como a tâmara  

energizante como o Sol 

tão utópica quanto a democracia contemporânea 

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Foto-Poema

Giovanna Freitas Missura

Parte 1 

 

Criança foge do olhar curioso da câmera.

Em meio a tantas opções 

De passagens erguidas por altos

pilares,

Insiste em correr em direção 

A uma porta fechada 

No fim de um corredor. 

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Ônibus amarelo

Larissa Nascimento

Aqui, sentado a janela do ônibus

Eu vejo...

Aqui, nesse banco frio e surrado

Eu vejo a vida passar

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Contos

As Crateras Desvairadas

Gustavo Henne Gonçalves 

                  I 

           Faz tempo que não consigo dormir, a minha mente não para, muito menos a dor em meu corpo. Desde o aumento dos acidentes, os momentos têm passado mais lentamente, como se o mundo estivesse centrado a observar uma lesma se rastejando. Não, é somente a espera do colapso. O colapso está para acontecer há muito tempo, só que agora parece ter data marcada, mesmo quem não tem acesso às informações e às pessoas sabe disso. Eles são deixados de lado, solitários, nem pedem mais esmola, sabem que não vale a pena: ninguém tem tempo, ninguém tem misericórdia e ninguém pode ter. Enfim, o trabalho continua tal como o sol continua a nos iluminar. 

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Boa noite

Vinicius de Silva e Souza

 

               Ele: está organizando os moveis que o carreto trouxe da mudança. Os homens andam para lá e para cá, com seus sapatos enormes, alguns montando moveis, outros ajeitando a mesa e uns terceiros ainda chegando com caixas do caminhão. Se mudando pela primeira vez, ele pensa que jamais imaginou que se mudar dava tanto trabalho, caramba. Ainda bem que as coisas dela já tão aqui, comenta com os homens. Os mais próximos riem, concordam:

                —Pois é.

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Maria do fim da rua

Clara Maas

 Essa era uma história que todo mundo do bairro conhecia. 

 Uma junção de fofocas e sussurros curiosos de gente que não entende nada.

Mas quer entender.

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Saroba Véi

Bruno Borges

Jorrada de catarro. Esse era Joaquim Saroba, um miúdo de um homem, de corpo largo e grosso, só não mais largo que suas mãos e seus pés carcomidos. Pisava na terra tão seca quanto seu carcanhar rachado, seguidos de dedos grossos e chamativos quase sem unhas. Atrás de suas canelas, haviam batatas tão grandes que alimentava toda uma família em uma janta. Coxas fortes prostravam abaixo de uma cintura de bacia comprida, com um glúteo, forte, porém não definido. Não era gordo, muito pelo contrário, suas forças cresciam para os lados, sua barriga quase linear era bastante espaçosa, parecia uma a ponta de uma enxada. Se bem, era quase tão dura quanto. Seus peitos, agora, pela idade, já caídos, são fortes, mas se escondem em partes atrás de uma barba negra enclarecida através dos anos. Sua cara fechada adornada de rugas continham dois olhos escuros que se afugentavam atrás das sobrancelhas peludas que protegiam, entre elas, uma nareba bem aberta. Seu cabelo, agora, é ralo, não era calvo, mas muito menos careca. Esse miúdo homem forte de braços largos era o Seu Saroba. 

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              Satine

 

        Toda noite minha mãe faz a senha do beijo comigo. Eu sempre dou uma sequência de beijos que ela tem que dar no meu rosto pra eu poder dormir". Foi o que escutou na roda de amigos aquela manhã. Uma outra garota disse "Que bonitinho, o meu pai faz janela janelinha pra eu dormir". E aí foi ficando ainda mais triste. Sua mãe nunca havia dado beijinhos em seu rosto antes de dormir.

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Sobrado de Pernambuco


Shabué Xegu

Cada ano que passa leva consigo um móvel a mais; eu, que durante os meses vou selecionando qual o próximo a ser retirado e enviado a qualquer lugar que não seja o interior da minha casa, escolho com paz e sem custeio.

– tira os móveis, meu amor. Tira e me dê espaço que minh’alma está a se crescer.

  A cada ano que passa, estou mais larga, mais longa. Cada semestre traz consigo seus babados em minha pele que se enruga como renda extensa em estreita superfície. Como alvo vestido de noiva guardado numa caixa posta em cima do guarda-roupa.

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